Plano de ação

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Capacitação dos Agentes Rurais

Sumário

Este projeto visa facilitar a aquisição de conhecimento e a capacitação dos agentes, envolvendo-os num processo de melhoria continua a partir dos resultados de projetos que promovam um território sustentável, a mitigação e adaptação às alterações climáticas (ex. aumento da resistência e resiliência a incêndios, pragas e doenças), a organização e promoção da produção (ex. resina, apicultura e silvopastorícia) e da economia circular (ex. valorização da biomassa florestal para calor) e a revitalização das zonas rurais.

As atividades previstas nesta candidatura consistem, em linhas gerais, na reunião e compilação de conhecimento que parte dos resultados dos projetos dando prioridade aos que foram realizados no âmbito da Rede Rural Nacional e do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 que tenham terminado ou que estejam ainda em desenvolvimento relativamente às quatro temáticas acima referidas. Esperamos abordar e dar resposta às problemáticas e/ou necessidades da floresta e desenvolvimento rural. A segunda fase do projeto está substancialmente relacionada com a capacitação e divulgação do conhecimento aos técnicos, proprietários e gestores florestais e agricultores, de acordo com os seus interesses e necessidades de utilização de informação.

Âmbito e área de intervenção

1 - Alterações climáticas – Mitigação e Adaptação

As alterações climáticas são uma realidade e uma prioridade a nível nacional pelos impactos que já se fazem sentir e que no futuro estão previstos de acontecer. A FORESTIS é uma das organizações que faz parte do Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Sector Agroflorestal (CNCACSA) cuja missão passa pela identificação de cenários climáticos no país, a avaliação da capacidade de resposta e da vulnerabilidade das alterações climáticas e o desenvolvimento e avaliação das medidas de mitigação e adaptação perante a necessidade de garantir a sustentabilidade da agricultura e floresta portuguesa, nas vertentes produtivas, ambientais e sociais. Neste âmbito e pela sua relevância serão considerados os projetos que se encontram assinalados pelo CNCACSA.

2 - Territórios sustentáveis

O território engloba todas as especificidades ambientais, sociais, económicas e culturais, que resultam ou são influenciadas pelas tomadas de decisão da sociedade que o habita. A floresta é uma ocupação do solo relevante não só pela sua extensão, segundo IFN 6 o uso florestal do solo é o uso dominante do território continental (35,4 %, em 2010), mas também por representar um sector economicamente importante, que contribui de forma inequívoca para transformar e moldar o território, promovendo ou mitigando os efeitos positivos e negativos no ambiente, na sociedade e na economia.

Muitos dos desafios associados ao território remetem para o desenvolvimento das áreas rurais. A solução passa pela criação de oportunidades para que este se torne sustentável. Uma das vias para conseguir um território sustentável é através do aumento de conhecimento que possibilitará a valorização e a sustentabilidade dos recursos naturais, uma maior perceção e consideração do que pode ser praticado dentro dos condicionalismos que existem, numa perspetiva de aumentar a competitividade do território.

Um exemplo de como abordar o território de forma integrada são a constituição das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP). Estas visam responder às necessidades de ordenamento e gestão da paisagem e de aumentar de área florestal gerida a uma escala que promova a resiliência aos incêndios, a valorização do capital natural e a promoção da encomia rural. Por esta razão o nosso público-alvo abrange Organizações de Produtores Florestais que estão a promover a criação de AIGP.

3 - Revitalização das zonas rurais

A revitalização das zonas rurais passa por apoiar as comunidades rurais a tornarem-se sustentáveis e dinâmicas, sendo importante a promoção do aproveitamento dos recursos naturais de forma sustentável, numa paisagem multifuncional e saudável. A produção de bens é hoje insuficiente para a fixação da sociedade nas regiões de baixa densidade populacional, levando ao êxodo rural. Desta forma resulta em tomadas de decisão que nem sempre são as adequadas em termos de ocupação e uso dos solos ou o abandono, colocando a sustentabilidade do território em risco.

Através de uma adequada gestão dos recursos, que passa pela visão integrada do território, será possível tornar o território resiliente, e em simultâneo revitalizar as várias regiões do território que sofrem hoje com os riscos decorrentes do despovoamento e do progresso da desertificação, nomeadamente nas zonas rurais.

Em resposta a esta prioridade, novamente, as AIGP são um exemplo de aumento de escala e de fomento de boas práticas, incluindo não só a floresta mas todos os recursos naturais. Salienta-se, também a relevância da constituição e dinamização dos Agrupamentos de Baldios (AdB), cujo objetivo é a obtenção de escala de áreas e/ou complementaridade de recursos para valorização e melhor exploração de terrenos baldios. A FORESTIS encontra-se a dinamizar 10 Agrupamentos de Baldios (AdB), correspondentes a uma área superior a 58.000 hectares, cuja gestão é assegurada por técnicos recém-licenciados, com o apoio técnico da FORESTIS e das suas associadas.

Os agentes que compõem os AdB e as AIGP são fundamentais como público-alvo deste projeto.

4 - Organização e promoção da produção

Uma das questões que atualmente é debatida não é tanto a falta de informação, mas sobretudo o modo como a informação é disponibilizada e transferida. Trabalhar neste direção é no sentido de ser possível contribuir para uma melhor organização e promoção da produção na floresta. Esta será possível de alcançar através da capacitação dos agentes ativos da mudança ligados à floresta e desenvolvimento rural, como é o caso dos técnicos, proprietários e gestores florestais (ex. presidentes da junta de freguesia, órgãos gestores de baldios) e agricultores, com as informações necessárias para a operacionalização da gestão sustentável dos recursos naturais.

A FORESTIS criou e tem vindo a dar apoio técnico às suas associadas relativamente aos seus Sistema de Gestão Florestal Sustentável (SGFS). É importante dar seguimento a este trabalho pelas vantagens não só relacionadas com a alteração dos modos de atuação, contribuindo para o aumento do desempenho da floresta, da definição dos seus objetivos e metas florestais, assim como pelo aumento do nível organizacional das associadas.

Para além de que, a FORESTIS possui o seu próprio Sistema de Gestão Florestal Sustentável (SGFS FORESTIS) certificado pelo FSC Portugal, que engloba 45 proprietários e gestores florestais e 4.448 hectares de floresta, até ao momento.

As Organizações de Produtores Florestais, envolvidas nestes SGFS, como os próprios técnicos da FORESTIS beneficiaram deste projeto.

Objetivos e resultados a atingir

O objetivo principal é facilitar a possibilidade de capacitação dos técnicos, proprietários e gestores florestais, agricultores, envolvendo-os num processo de melhoria continua através do aproveitamento dos resultados de projetos que promovam as quatro temáticas prioritárias, nomeadamente a alterações climáticas (mitigação e adaptação), território sustentável, revitalização das zonas rurais e organização e promoção da produção.

Os objetivos específicos do projeto são:

1 - Seleção do conhecimento

Seleção e compilação de informação resultante dos projetos, de uma forma participativa com os técnicos através de reuniões, que permitirá a partilha de experiências e a seleção de conhecimento com sentido crítico sobre as quatro temáticas prioritárias.

Resultados: Sistematização de informação resultante dos projetos que compreenda as temáticas prioritárias sobre as alterações climáticas (mitigação e adaptação), território sustentável, revitalização das zonas rurais, e organização e promoção da produção.

2 - Capacitação dos técnicos

A capacitação dos técnicos é uma forma de fomentar a implementação de tomadas de decisão adequadas ao nível do território. Estas serão conseguidas através da organização de visitas ao terreno, workshops, seminários e reuniões.

Resultados: Aquisição de novo conhecimento sobre as boas práticas de gestão sustentável à escala do território e mitigação e adaptação aos riscos bióticos e abióticos.

3 - Transferência de conhecimento

A divulgação dos resultados, nomeadamente a sistematização da informação no microwebsite, produção de conteúdos e a participação em feiras permitirá transferir o conhecimento para os proprietários e gestores florestais, e agricultores e outras entidades interessadas.

Resultados: Divulgação de publicações e de informação sistematizada no microwebsite.

Caracterização das atividades e dos custos associados

A operação irá compreender as seguintes ações:

1 - Produção e gestão de conteúdos e planeamento das atividades do projeto

Nesta atividade será tomado partido dos projetos que a FORESTIS foi coordenadora e parceira, atribuindo prioridade aos que foram realizados no âmbito da Rede Rural Nacional e do Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020.
Ao longo dos seus quase 30 anos de atividade, a FORESTIS desenvolveu diferentes projetos que se interligam e que se desenvolvem no sentido de expandir as suas potencialidades e de dar resposta às necessidades do setor agroflorestal e agroindustrial nacional – trabalhando em conjunto com os vários elos das respetivas cadeias de valor (ex. gestão florestal sustentável, biomassa florestal primária, prevenção de incêndios, pragas e doenças florestais, etc.).

Ligados ao aumento da resiliência e da multifuncionalidade da floresta, a FORESTIS está quase a terminar o projeto FORVALUE, que procura definir e selecionar modelos de gestão florestal adaptados às condições locais, o projeto BIOCHORUME que visa a o aproveitamento e a valorização de efluentes pecuários; e concluiu em 2020 os projetos GOTECFOR e BIOTECFOR, onde se promoveu o uso e a valoração da biomassa florestal primária para uso como fonte calorífica de empresas agroindustriais e como matérias-primas para a criação de bioprodutos da indústria automóvel.

No que diz respeito à redução de riscos bióticos, a FORESTIS é membro do Grupo de Acompanhamento da Sanidade Florestal do Programa Operacional de Sanidade Florestal do ICNF, e participa no Programa Nacional de Monitorização de Pragas Florestais, que consiste na realização de ações de monitorização do estado fitossanitário dos principais sistemas florestais do território. Além disso, no âmbito da Rede Rural Nacional promove o Grupo Operacional FITOGLOBULUS, que tem procurado desenvolver medidas de prevenção e controlo para a principal praga do eucalipto.

Os projetos desenvolvidos pelos Centros de Competências dos quais a FORESTIS faz parte, também serão considerados, como são o caso do Centro de Competências do Pinheiro-bravo, Centro de Competências para Inovação Tecnológica do Setor Agroflorestal e Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do sector Agroflorestal.

Quando realizada a seleção dos projetos, estes serão analisados e catalogados de forma a associá-los de acordo com a área temática e o seu sistema florestal. Nas três reuniões de técnicos pretende-se apresentar as quatro temáticas e fomentar discussões e debates sobre as mesmas de forma a preparar os seminários, workshops e visitas de campo que se sucederão. Participação de técnicos da FORESTIS em cerca de dez eventos organizados por entidades externas sobre projetos e iniciativas que abordem as quatro áreas temáticas prioritárias e valorizem este projeto. Este passo é importante de forma adequar as necessidades de informação e interesses dos técnicos, considerando o que os proprietários e gestores florestais e os agricultores lhes transmitem.

Através da pesquisa e tratamento de informação, e contribuições recolhidas nas reuniões de técnicos serão compilados os conteúdos que resumirão os resultados dos projetos considerando a sua aplicabilidade e relevância aos desafios do território. Posteriormente, os conteúdos serão introduzidos no microwebsite onde possibilitará a consulta por cada técnico.

2 - Organização de seminários, workshops, visitas ao terreno e participação em feiras

Em grande medida, a transferência da informação compilada que abrange os quatro temas prioritários serão abrangidos pela realização de dois seminários, dois workshops, quatro visitas ao terreno e participação em três feiras. Através destas pretende-se por exemplo alcançar os técnicos envolvidos na coordenação de sistemas da gestão florestal sustentável (exemplo: Grupos de Certificação FSC e PEFC), na promoção das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP), cooperativas agrícolas e Agrupamentos de Baldios.

3 - Comunicação e divulgação do projeto

Para a comunicação do projeto está previsto a realização de duas publicações temáticas em suporte eletrónico/digital de aproximadamente 12 páginas e a criação de conteúdos relativamente aos projetos que abrangem as quatro temáticas. De modo a motivar um maior reconhecimento do projeto pelo público, será criado um manual de entidade do projeto, que fará parte de todas as comunicações do projeto (microwebsite, publicações, apresentações, exposições, reuniões).

Resumo de atividades

Cronograma

(1 de Janeiro de 2022 a 31 de Dezembro de 2023)